9 de março de 2010

Na Terra de Jheronimus Bosch

's-Hertogenbosch, Floresta do Duque de Brabante


Quando ia, procedente de Amsterdão, a caminho do sul da Holanda, em direção a Antuérpia, na Bélgica, lembrei-me que na bagagem não levava queijos holandeses. Para não perder tempo a entrar e sair de um grande centro urbano à procura de uma loja da especialidade, decidi desviar-me da rota que passava por Breda e ir a 's-Hertogenbosch, capital da província de Brabante do Norte.

No guia da Holanda, do American Express, fiquei a saber - aliciante acrescido para a deslocação - que Den Bosch era a terra natal do pintor flamengo, autor de As Tentações de Santo Antão, famoso tríptico exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.



Jesus carregando a cruz, Museu de Schone Kunsten, Gand, Bélgica
Em Den Bosch, como é popularmente designada a cidade de 's-Hertogenbosch, Floresta do duque, em português, não visitei o Centro de Arte Jheronimus Bosch, inaugurado em 2006 e no qual estão expostas reproduções das obras do pintor espalhadas por diferentes museus. Das suas obras, a mais importante coleção está no Museu do Prado, em Madrid, proveniente de encomendas feitas por Felipe II, rei de Espanha. O centro de arte prepara-se para comemorar os 500 anos da morte do pintor, em 1516, aos 66 anos, realizando conferências e outros eventos.



O GPS levou-me à praça onde fica a catedral de Sint-Jans, construída em estilo gótico brabantino. Após as guerras entre católicos e calvinistas no século XVII, o templo, despojado de imagens, serviu de local de culto aos protestantes até 1810, data em que Napoleão Bonaparte o devolveu aos católicos.




A catedral, basílica a partir de João Paulo II, é o maior centro de peregrinação mariano da Holanda. Nela venera-se, desde 1380, a imagem da Virgem Maria, chamada Zoete Moeder, doce mãe.





"Ajude-nos a manter de pé esta catedral" - pede São João, o padroeiro, aos visitantes - para custear as obras de restauro, em curso no exterior.



Depois da visita ao interior da basilica, ricamente ornamentado e repleto de impressionantes quadros e vitrais, fui por esta rua à procura da estátua de Bosch referida no guia do American Express.
A cidade foi fundada em 1185. O castelo, localizado num delta pantanoso, formado por dois pequenos rios, era difícil de ser atacado, ganhando, por isso, o apelido de Dragão Invencível dos Pântanos.



Caminhando por uma movimentada rua de peões cheguei ao Markt, a praça do município, vislumbrando de imediato a estátua erigida ao mais famoso filho da terra, reconhecido pela paleta e pincel nas mãos. Bosch é uma alcunha, em homenagem à cidade onde nasceu, escolhida para assinar obras suas. O nome verdadeiro é Jeroen van Aeken mas também é conhecido por Jeroen Bosch e Hieronymus Bosch, em latim.



Câmara Municipal, uma construção do século XVII, erguida no típico estilo do classicismo neerlandês.



No Markt fica também o mais antigo prédio de tijolos dos Países Baixos, De Moriaan, construído no início do século XIII. Nele funciona um café e o centro de informação turística.


Era dia de feira na praça. Alimentação, vestuário e plantas foram os artigos à venda que me despertaram a atenção.



As tulipas ainda não tinham começado a florir nos campos e jardins por onde passei nesta viagem mas, provenientes de estufas, já as havia na praça à venda.

Fiquei descansado quando encontrei na feira o leitmotiv do desvio da rota para 's-Hertogenbosch, os queijos. Tinha estado em Gouda e nos moinhos de Zaanstad mas não os tinha comprado!

Este rapaz não só me deu a provar os queijos, como ainda me tratou  por sir! Apenas em Calcutá é que outro rapaz, taxista, sem eu ser um lord inglês, me tratou assim. Sabe bem receber tão respeitoso tratamento, muito diferente do você com que alguns empregados de balcão nos brindam em Portugal. Que custa ser cortês e dizer o senhor ou a senhora a um cliente?


O sapo, batráquio vulgar nos pântanos do delta onde a cidade nasceu, está presente nos candeeiros de iluminação pública e é um símbolo familiar do carnaval de Oeteldonk - Colina do sapo - assim chamada Den Bosch nos três dias que antecedem a Quaresma.
Concretizado o objetivo que me levara a Den Bosch parti para Antuérpia.

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