's-Hertogenbosch, Floresta do Duque de Brabante
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Quando ia, procedente de Amsterdão, a caminho do sul da Holanda, em direção a Antuérpia, na Bélgica, lembrei-me que na bagagem não levava queijos holandeses. Para não perder tempo a entrar e sair de um grande centro urbano à procura de uma loja da especialidade, decidi desviar-me da rota que passava por Breda e ir a 's-Hertogenbosch, capital da província de Brabante do Norte.
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No guia da Holanda, do American Express, fiquei a saber - aliciante acrescido para a deslocação - que Den Bosch era a terra natal do pintor flamengo, autor de As Tentações de Santo Antão, famoso tríptico exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
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Jesus carregando a cruz, Museu de Schone Kunsten, Gand, Bélgica
Em Den Bosch, como é popularmente designada a cidade de 's-Hertogenbosch, Floresta do duque, em português, não visitei o Centro de Arte Jheronimus Bosch, inaugurado em 2006 e no qual estão expostas reproduções das obras do pintor espalhadas por diferentes museus. Das suas obras, a mais importante coleção está no Museu do Prado, em Madrid, proveniente de encomendas feitas por Felipe II, rei de Espanha. O centro de arte prepara-se para comemorar os 500 anos da morte do pintor, em 1516, aos 66 anos, realizando conferências e outros eventos.
O GPS levou-me à praça onde fica a catedral de Sint-Jans, construída em estilo gótico brabantino. Após as guerras entre católicos e calvinistas no século XVII, o templo, despojado de imagens, serviu de local de culto aos protestantes até 1810, data em que Napoleão Bonaparte o devolveu aos católicos.
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A catedral, basílica a partir de João Paulo II, é o maior centro de peregrinação mariano da Holanda. Nela venera-se, desde 1380, a imagem da Virgem Maria, chamada Zoete Moeder, doce mãe.
"Ajude-nos a manter de pé esta catedral" - pede São João, o padroeiro, aos visitantes - para custear as obras de restauro, em curso no exterior.
Depois da visita ao interior da basilica, ricamente ornamentado e repleto de impressionantes quadros e vitrais, fui por esta rua à procura da estátua de Bosch referida no guia do American Express.
A cidade foi fundada em 1185. O castelo, localizado num delta pantanoso, formado por dois pequenos rios, era difícil de ser atacado, ganhando, por isso, o apelido de Dragão Invencível dos Pântanos.
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Caminhando por uma movimentada rua de peões cheguei ao Markt, a praça do município, vislumbrando de imediato a estátua erigida ao mais famoso filho da terra, reconhecido pela paleta e pincel nas mãos. Bosch é uma alcunha, em homenagem à cidade onde nasceu, escolhida para assinar obras suas. O nome verdadeiro é Jeroen van Aeken mas também é conhecido por Jeroen Bosch e Hieronymus Bosch, em latim.
Câmara Municipal, uma construção do século XVII, erguida no típico estilo do classicismo neerlandês.
No Markt fica também o mais antigo prédio de tijolos dos Países Baixos, De Moriaan, construído no início do século XIII. Nele funciona um café e o centro de informação turística.
Era dia de feira na praça. Alimentação, vestuário e plantas foram os artigos à venda que me despertaram a atenção.
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As tulipas ainda não tinham começado a florir nos campos e jardins por onde passei nesta viagem mas, provenientes de estufas, já as havia na praça à venda.
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O sapo, batráquio vulgar nos pântanos do delta onde a cidade nasceu, está presente nos candeeiros de iluminação pública e é um símbolo familiar do carnaval de Oeteldonk - Colina do sapo - assim chamada Den Bosch nos três dias que antecedem a Quaresma.
Concretizado o objetivo que me levara a Den Bosch parti para Antuérpia.
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